Rafael Galvão

Um pouco de nada, e nada de muito importante.

terça-feira, março 09, 2004

The End

Este feed RSS acabou. O endereço agora é http://www.rafael.galvao.org.

segunda-feira, março 08, 2004

8 de março

Comemore o Dia Internacional da Mulher.

Coma 3 de uma vez só.

Num domingo qualquer

Gloriosamente, um domingo sem nada para fazer.

E então decido fazer algo inusitado: vou no Quizilla e faço todos os testes interessantes que há por lá.

O resultado é, para dizer o mínimo, tétrico:


What's the use of getting sober

Alcohoroscopes - what do the stars say about your drinking style
Pisces Drinking style:
If you're a Pisces, you've probably already heard that you share a sign -- and an addictive personality -- with Liz Taylor, Liza Minelli and Kurt Cobain. Not only do Pisces like to lose themselves in the dreamy, out-there feeling that only hooch can give, but they build up a mighty tolerance fast. Who needs an expensive date like that? On the other hand, they're fabulously enchanting partners, whether in conversation or in crime. With the right Pisces, you can start out sharing a pitcher of margaritas and wind up in bed together for days. The phrase "addictive personality" can be read two ways, you know.


Eu acredito em astrologia, em Papai Noel e no Waldomiro.

Mas vou começar a derrubar garrafas de genebra, só pra fazer a segunda parte disso se tornar verdade.


Forjado a ferro e fogo

Which of the 5 Chinese Elements are you?
Metal
You are the chinese element of Metal. People who are under the element of Metal are organized, discriminating and tidy. Metal, you are a trigger, and also very controlling and hate being wrong. The color of metal is white and your symbol is the tiger. Autumn is the season in which metal shines, and it's months are July/August. Your weather condition is clear. Metal is the direction of west, and your day is Friday, while your planet is Venus. Animals under your element are usually furred. People under you are Tibetan. Your sense is smell, your taste is acrid/spicy, your sound is lamenting and your virtue is righteousness. Your organ are the lungs. You were created by Earth and control Wood.

Eu gosto é de chuva. Mas como gostei do ideograma, vou fingir que isso aí é verdade.


O Ringo Starr? Não, foi Paul McCartney no correio

Which Beatle are you?
John Lennon
JOHN LENNON. You rock, man. You're my personal fave, so congrats to ya! You were the other lead singer and play guitar and hermonica. You like parties, profanity, weed, cats, Oriental women, peace, and English tea. You are dead, which is a pretty big bummer, but everyone still loves you and plays your song

Massa. Mas meu beatle preferido é Paul McCartney.


Em busca de uma alma caridosa

Are you ready to have a boyfriend/girlfriend?
READY FOR LOVE: You're sensitive but no pushover, active but not manic. In short, you're a great girl/guy who's ready for a relationship. If you're not already involved with someone, it's only because you want a guy/girl who's worthy of your love---you just haven't met him/her yet. That's cool. You've got plenty of otherinterests to keep you busy. When you do meet ''Mr. Great/Miss. Great,'' chances are you won't abandon all the other important stuff in your life for romance. In fact, your independance and spirit will be part of what attracts him/her---and keeps him/her. Would YOUPLEASE rate my quiz? YOU surely don't have to, but i'd apreciate it more than YOU could imagine if YOU would! Thanks! Peace out yo'!

Olha só, eu sou legal. Favor avisar a Zeta-Jones, a Nicole Kidman e a Isabel Fillardis.


O meu grau de maluquez

Where do you belong?
You belong to the world of knowledge-seekers
You belong somewhere out in the world, exploring and learning and spreading the knowledge that you find. When you love, that love will join you in your quest and believe as you do in a world of spiritual energy that is stronger than anything humanity could normally even conceive, although you may be able to. Council those you encounter, give them your wisdom, and stay true to yourself.

Isso é de comer?


Matar ou correr

How would you murder?
shoot
Don't get blood splatters on you when you shoot your victim. Your methods are a bit uncouth but your finesse and sense of style is impeccable. With a bit of guidance you could live among us in the world of vampires.

Ahn... Isso quer dizer que eu sou, tipo assim, meio... meio mau? Não gostei.


Esquisito, eu?

What kind of dark person are you?
DarkMagic
Dark magician. You love the dark because of it's beauty and just the life that no-one else sees. Mysterious, calm, quiet... But that doesn't mean you're not friendly!

Nossa, até como esquisito eu sou legal. Só não sou cool porque no cool dói.


Onde as coisas começam a desandar

What force is your soul?
Water
You are guided by water. You are generally calm and peaceful, but you can be very destructive without even realizing it.

Poxa, eu já estava achando que era legal, um sujeito maneiro. Aí lá vem esse sacana esculhambar comigo. Destrutivo é a mãe.


Além de dinheiro...

What Do You Truly Desire?
DesireNoneCrazy
Nothing. You truly desire nothing. You're just empty and creepy. Leave now.

Tá vendo? Lá vem a esculhambação. Eu vou fazer esses testes na maior boa vontade e o que recebo em troca? Agressão gratuita.


E as coisas voltam ao eixo

What Type of Soul Do You Have ?
Artistic
You are naturally born with a gift, whether it be poetry, writing or song. You love beauty and creativity, and usually are highly intelligent. Others view you as mysterious and dreamy, yet also bold since you hold firm in your beliefs.

Cruzes. Esse sou eu? Eu voltei a ser legal, o amigão da casa do lado? Os testes estão começando a ficar interessantes de novo.


Ah, se a Arósio visse isso...

The Ultimate Personality Test
HASH(0x895b1ac)
Seer

Desculpe, mas eu tenho miopia e astigmatismo. Eu não é vejo nada.


Ainda bem que não falamos de sacanagem

What sign of affection are you?
cuddle and a kiss
Cuddle and a kiss on the forehead - you like to be close to your special someone and feel warm, comfortable, and needed.

Se alguém disser que não sou isso eu quebro de porrada. Juro.


Ih, falamos

What's your sexual appeal?
pervert
Pervert

Foi engano. Esse não sou eu. Mas, olha, essas duas orelhudinhas dos peitão aí são interessantes...


Só porque porque não são lindos como eu

Which personality disorder do you have
HASH(0x8936788)
Narcissistic

Isso se eu morrer, né, mané?


Bem aventurados os tolos, porque deles será o reino dos Céus

Which book of the Bible are you?
You are Proverbs
You are Proverbs.

A Igreja Rafaélica de Todos os Tostões agradece a preferência. Mas eu preferia, sinceramente, ser o Cântico dos Cânticos.


O fim do sonho

What emotion dominates you?
undecided
Why are you taking this quiz you obviously don't have feelings?! I am just kidding, you just are either a) a really horny person, or b) you just a little bit of everything. So to B good for you, and A have a chat with someone who got anger..he...he.

Ô vida. Grande escolha eu tenho agora: ser um seco de carteirinha, daqueles que não conseguem se controlar quando vêm uma nesga de bunda, por mais crateras de celulite que tenham, ou simplesmente ser indeciso. Não sei o que faço. E que negócio é esses de dizer que não tenho sentimentos? Eu tenho, sim. E no momento, sinto profunda vontade de enforcar o sujeito que escreveu isso.


Sono

Which of the Greek Gods are you?
Morpheus
Morpheus

Podia ser pior. Eu podia ser Hefaístos.

sábado, março 06, 2004

O primeiro mártir da Brigada Humphrey Bogart

A Brigada Humphrey Bogart, destacamento revolucionário que luta pela liberdade individual de desenvolver um enfisema, tem o seu primeiro mártir.

Um canadense de 73 anos foi condenado a 1 ano e 8 meses de prisão, em uma prisão estadual onde é proibido fumar. Em vez disso, ele preferiu cumprir uma pena de 2 anos para ser enviado a uma penitenciária federal, onde poderá fumar seu maço por dia.

É mais um exemplo de martírio e de perseguição. Tecnicamente, Angelo Foti está cumprindo 4 meses de prisão pelo crime de fumar.

Que Angelo Foti não se preocupe. Sua memória será honrada. Ao acendermos nossos cigarros, nossos charutos e nossos cachimbos, vamos reverenciar a memória deste grande homem, o primeiro mártir em um mundo restritivo e cerceador da liberdade.

O estranho caso do alemão tarado

Há, definitivamente, poucas pessoas que eu gostaria de conhecer no mundo.

Mas provavelmente gostaria de conhecer este alemão.

Por inclemência do sistema legal alemão, que não entende as necessidades básicas do seres humanos, o desempregado perdeu uma ação em que pedia ao Estado que lhe fornecesse livre acesso a pornografia e entradas grátis em bordéis. A alegação: sua mulher está na Tailândia e a ele tem, digamos, necessidades.

O Estado alega que o serviço social não tem a obrigação de satisfazer os apetites sexuais desse sujeito.

Mundo injusto, este, em que uns comem a Giselle Bündchen e outros não podem sequer ir ao puteiro da esquina.

A balela do diploma dos jornalistas

Quando escrevia em jornal, aí pelos 17 anos, eu obviamente não era formado. Só escrevia porque qualquer cão sem dono pode escrever uma coluna. E diagramar (au, au, Tata...). E fotografar. Se eu fazia outras coisas não documentadas é porque aquele povo era contraventor. Não era culpa minha. Os safados eram eles.

Na época, eu era absolutamente contrário à exigência do diploma. Não era a posição do sindicato, claro, nem da maioria dos jornalistas. O único jornal que se pronunciava abertamente contra isso era a Folha de S. Paulo, que inclusive comprou briga ao empregar jornalistas que não eram formados (um deles era o Alon Feuerwerker, acho).

Ultimamente o assunto voltou à tona. Essa é a posição do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, que encontrei no Just Think:

"Ao declarar uma notícia, se mal formulada ou equivocada, o jornalista pode gerar grave comoção social ou danos de severa monta. Não estamos diante de uma atividade vulgar, que prescinde de conhecimentos técnicos. Banalizar a questionada profissão a ponto de considerar que não merece regulamentação específica é desmerecer a realidade comum dos fatos."


Certo.

Mas afinal quem ele pretende enganar? Os argumentos são falhos.

Para começar, a lei de regulamentação da profissão é um absurdo que só existe no Brasil, empurrada em 1967 (se não me engano) como medida de controle dos jornalistas por parte da ditadura. No resto do mundo, pessoas formadas em história ou em outras áreas podem ser jornalistas. E eu, pessoalmente, acho que é mais importante para um repórter conhecer história e poder analisar os fatos que conta a saber detalhes de diagramação. (E é mais importante para um diagramador ter noções artísticas e gráficas sólidas a saber como se escreve um texto à la Folha de S. Paulo.)

Na verdade, a linha de argumento de Fonteles tenta se respaldar no aspecto social do diploma. Que não é um prêmio ao estudante, e sim uma defesa da sociedade. Diplomas servem para que saibamos que determinado profissional aprendeu o mínimo necessário e não vai nos ferrar. Ou seja, que um médico não vai fazer uma incisão no peito para operar uma apendicite, ou que a casa contruída pelo engenheiro não vai desabar. (A realidade é um pouco diferente, mas aí já são outros quinhentos.)

Acontece que aplicar esse princípio a jornalistas implica atribuir-lhes uma autonomia que não têm e nunca vão ter. A autonomia é do dono do jornal (Assis Chateaubriand para um jornalista: "O senhor quer ter opinião? Monte o seu jornal"), e depois, em muito menor grau, do editor (cuja posição política é sempre a do dono, ou então ele perde o emprego). Curiosamente, eu não preciso de diploma para montar um jornal. Preciso é de dinheiro.

Finalmente, egressos da "academia" podem cometer o mesmo tipo de cagada que um jornalista não-formado. Aliás, é lógico supor que ultimamente só formados cometem cagadas. Procure, por exemplo, os diplomas dos responsáveis pelo escândalo da Escola Base, de uns 10 ou 15 anos atrás. Você vai encontrar. Ou -- no que eu considero um mal pior à sociedade -- os diplomas dos sacanas que ficam nos empanturrando com notícias sobre a Luma.

E quer dizer então que profissões que não exigem diploma são "banais", hein? Suprema humilhação: publicidade não exige. Não vamos mais conseguir dormir à noite depois dessa constatação: somos banais. Nem o consolo de sabermos que elegemos presidentes nos restituirá o sono. Duda Mendonça não é formado em publicidade. Aliás, Duda não é formado em nada. É banal. Pobre Duda.

Há 15 anos, quando o assunto me interessava, eu sempre discutia esse assunto com uma amiga jornalista e sindicalista. Entre outras coisas, ela dizia que a exigência do diploma era uma arma da "categoria" para garantir melhores salários. Outro argumento bobo: não consta que salários-base de jornalistas sejam exatamente altos. Salários de publicitários banais, em compensação, são. E não é preciso diploma para o exercício da profissão: basta ter talento. Banal, mas talento.

Segundo a ótica dos sindicalistas, o diploma funcionava como uma espécie de reserva de mercado. Mas hoje em dia, nem isso: as faculdades de jornalismo despejam no mercado, a cada ano, mais gente do que há empregada em redações. É natural que as únicas pessoas que procurem uma redação, hoje, sejam jovens que estão saindo das faculdades de jornalismo. Não foi a exigência de diploma que levou a isso, foram as leis de mercado. A defesa que o diploma oferecia acabou, porque hoje há mais recém-formados querendo uma vaga do que desocupados querendo uma boquinha há 40 anos.

Acho, inclusive, que a lei prejudicou o jornalismo durante muitos anos. Se antigamente gente com talento e com formação sólida em outras áreas podia acabar indo parar nas redações, melhorando o nível geral de conhecimento, a lei eliminou essa possibilidade. A escolha, hoje, tem que ser feita cedo demais. E a verdade é que muita gente com vocação para jornalista não tem o talento necessário, como em qualquer outra área. Agora isso diminuiu, mas durante muitos anos o nível caiu assustadoramente, e essas restrições foram um dos motivos.

Manter essa lei é um absurdo anacrônico e, hoje, inútil. Mas o Fonteles, que precisa desesperadamente das boas graças da imprensa, continua insistindo. Fazer o quê?

quinta-feira, março 04, 2004

O povo quer saber

Enunciado: um grupo de traficantes invade o Pavão-Pavãozinho e o pau come na guerra de quadrilhas. Morre um faxineiro. A população da "comunidade", revoltada, desce para o asfalto e depreda restaurantes, supermercados e lojas que cometeram a imprudência de continuar abertos.

Pergunta: o que esses estabelecimentos têm a ver com a confusão, pelo amor de Deus?

De como Stálin pode salvar a culinária sergipana

Aracaju é famosa pelos seus caranguejos. Há alguns anos, eram devorados meio milhão de caranguejos a cada final de semana na cidade.

Ultimamente, no entanto, os caranguejos estão rareando. As razão são principalmente duas: a caça predatória -- nesse ritmo os caranguejos tinham que acabar, mesmo -- e a expansão imobiliária, que vem destruindo os manguezais do Estado. Atualmente, os caranguejos que se com aqui vêm da Bahia. É um duro golpe para a auto-estima sergipana, que já não é das maiores.

Embora eu não entenda como as pessoas possam gostar daquele ritual de quebrar caranguejos, a verdade é que Aracaju sem perde praticamente toda a sua culinária e sua vida noturna. Sobra apenas a mandioca.

Mas o velho e bom Iossif, o papaizinho cotó dos povos, pode dar a solução. Nos anos 1930 Stálin levou caranguejos gigantes do Pacífico para a Europa. Esses caranguejos chegam a pesar 12 quilos, e atualmente estão avançando implacavelmente pela costa da Noruega em direção à Europa continental. Dizem que têm gosto de lagosta.

Há duas soluções. Importem os caranguejos gigantes; num instante os sergipanos acabam com eles. Ou então mudem Aracaju para a Noruega.

Os 125 melhores jogadores vivos

Vi a lista da Fifa, escolhida por Pelé, com os 125 melhores jogadores vivos da história.

Eu não entendi como a França, com tantos jogadores na lista, só conseguiu levar uma copa até hoje, e mesmo assim na base da sorte.

Mas revolta, mesmo, é pela perseguição torpe e suja que vem se repetindo há duas décadas.

Cadê Jacozinho?

quarta-feira, março 03, 2004

Float like a butterfly, sting like a bee

Devo uma coisa a Mike Tyson e a David Lynch: graças a eles, passei a gostar de boxe.

Graças ao sucesso de Tyson no fim dos anos 80, a Globo passou a exibir lutas todo domingo à noite. Eu não via graça em boxe antes disso -- violento e suado demais. A idéia de agressão física, àquela altura da vida, me parecia sem sentido.

Mas em 1990 ou 1991 acabei assistindo, porque essas lutas eram exibidas antes ou depois do seriado Twin Peaks, de David Lynch. E finalmente descobri a beleza de um esporte que as pessoas com juízo classificam como estupidez.

Não demorou pouco tempo até eu deixar um pouco de lado a grande estrela do boxe, as lutas de pesos pesados. Não são minhas preferidas: são cada vez mais técnicas, com excesso de clinches e, claro, uma relativa falta de grandes lutadores. Nos pesos pesados a beleza intrínseca do boxe se perde um pouco, vítima da força física e da tática.

E há muito, muito tempo não aparece alguém capaz de flutuar como uma borboleta e picar como uma abelha.

Por outro lado, as categorias mais leves -- galo, pena, mosca, etc. -- parecem brincadeira, mosquitos brigando por uma gota de sangue.

As categorias médias superiores são o lugar onde o esporte mantém a melhor combinação de arte, técnica e força. É nessas categorias que estão lutadores maravilhosos como Roy Jones, Jr. E é onde se pode assistir às melhores lutas.

Gente como Julio Cesar Chavez, Pernell Whitaker (um dos meus preferidos graças ao deboche com que luta, ou lutava), Oscar de La Hoya foram alguns dos lutadores a que assisti e que carregavam a verdadeira chama do boxe. Porque a beleza do esporte não está exatamente num nocaute, e sim na graça e perfeição com que um corpo se move em direção ao seu objetivo. O nocaute é só o clímax. É por isso que Muhammad Ali foi o maior de todos: por combinar, com perfeição, graça e força, os dois principais elementos do boxe. Float like a butterfly, sting like a bee.

Uma paródia de Stanislaw Ponte Preta ao "If", de Kipling, publicada em "Primo Altamirando e Elas", diz que se eu gosto de boxe sou uma besta. Talvez seja. Mas tenho a leve desconfiança de que Sérgio Porto não assistiu a nenhuma luta de Muhammad Ali. E se assistiu e mesmo assim continuava achando um retrato da barbárie, a besta era ele.

Everwood

Uma vez o Bia me disse que, em matéria de filmes, eu gosto de umas coisas "leves".

É verdade (e essa é a maior prova de que eu sou uma pessoa doce e sensível; não acreditem no que dizem por aí).

Deve ser por isso que eu gosto do seriado Everwood, exibido pelo Warner Channel. É a história de um médico famoso que pira depois que a mulher morre, e resolve dar uma de bom samaritano num cu de judas gelado. O seriado trata dos problemas da comunidade, de modo geral.

Provavelmente, a principal razão para eu gostar do seriado seja o fato de ele ser um produto extremamente bem concebido do ponto de vista de marketing. É um seriado que, apesar de ter vários pontos de atração para vários segmentos -- pais e filhos, dramas médicos, conflitos adolescentes --, não perde a unidade. Não vira um samba do crioulo doido.

A segunda -- e aí vem a verdadeira razão -- deve ser porque eu sou um sentimentalóide que gosta de ver histórias de recomeços, de pais e filhos e de adolescentes problemáticos e metidos a engraçadinhos que se dão bem.

(Em terceiro viriam duas das mais bonitas atrizes jovens atualmente na TV; mas isso é bobagem, porque afinal de contas eu sou uma pessoa doce e sensível.)

Do divã do dr. Galvão

Do Amorous Propensities:

The most frequently asked question among males: Whether the size of their penis is normal. Among females: Whether they can get pregnant by rubbing up against someone or having sex in a pool.


O dr. Galvão, PhD em safadeza e deboche, informa às adolescentes ansiosas que fazer saliência na piscina pode resultar em gravidez, sim. E o bruguelo que nascer vai ser campeão olímpico de natação.

terça-feira, março 02, 2004

Noivo, pode beijar o noivo

Com a confusão sobre o casamento gay, pastores anglicanos na Inglaterra estão dizendo que preferem ser processados a realizar casamentos de transsexuais, o que poderá ser obrigatório graças à futura Lei de Reconhecimento Sexual.

É uma discussão interessante sobre os limites do casamento.

Parece lógico que tão justo quanto dar a homossexuais o direito de oficializar sua união é reconhecer o direito de uma igreja ou qualquer outra instituição de manter seus princípios. Já não se fala mais de justiça ou de igualdade, mas de um grupo impondo suas convicções a outro. E quando isso acontece ocorre injustiça.

A questão é que qualquer clube tem suas regras. Se discordo delas, tenho o direito de não fazer parte dele. Se passo a discordar depois de entrar, tenho o dever de sair. Por exemplo, um padre não é obrigado a se ordenar; mas depois que se ordena, é uma questão de ética se manter fiel aos seus votos. Se acha que não dá -- e acho que é impossível seguir aqueles absurdos --, e eles não querem mudar, saia. Mas é hipocrisia continuar querendo o melhor de dois mundos muitas vezes antagônicos.

Se é injusto impedir que duas pessoas que se amam legalizem sua relação da mesma forma que heteressexuais, é também injusto exigir que uma igreja violente seus princípios. Não custa lembrar que religião e Estado, de uns tempos para cá, viraram coisas separadas.

Obrigar uma igreja a realizar um ato que julga um grande pecado é um profundo desrespeito a ela. Desnecessário, inclusive: não me parece que as pessoas precisem das bênçãos de pastores ou igrejas para serem felizes.

É também burrice. Com exceção da direita mais conservadora, a maior parte das pessoas sensatas é favorável à união civil de homossexuais. É fácil reconhecer o direito de alguém de se tornar reconhecido como o companheiro de outra. Mas quando se trata de ir de encontro àquilo que as pessoas acreditam ser maior que elas, como a religião, a coisa muda de figura.

Que me desculpem a grosseria, mas bater pé para entrar na igreja vestindo branco é viadagem.

E a propósito: a Igreja Rafaélica de Todos os Tostões realiza casamentos homossexuais. Mas a taxa é mais alta.

As pequenas contradições da vida

Na Arábia Saudita, como em boa parte do mundo islâmico, sodomia é crime.

Mas curiosamente os gays sauditas têm mais liberdade do que no Brasil, o país da tolerância.

Lá, casais heterossexuais não podem andar de mãos dadas nem beijar em público. Mas gays podem, por uma falha imprevista dos costumes extremamente machistas do Islã.

Esses paradoxos são a graça da vida, e o que faz o entendimento dos costumes de tantos povos diferentes ser tão difícil.

The times they are a-changin'

No meio do ano passado, me disseram que Bush era imbatível. Eu discordei.

A razão não era só a minha vontade de que aquele bastard (não é mais bonito chamar de bastard que de filho da puta?) sumisse da face da terra. Eu vinha começando a perceber, através de revistas e principalmente blogs, que havia uma corrente anti-Bush se fortalecendo nos subterrâneos.

Basicamente, os americanos se perguntavam o que tinham ganhado desde que Bush assumira a presidência. A resposta era nada.

O fenômeno, em si, não é nada novo. É o que acontece quando um governo radicaliza ao ponto que Bush radicalizou. Isso aconteceu em 1972, com Nixon e McGovern; em muito menor grau, aconteceu com Carter e Reagan.

Mas a internet tem a ver com isso. Não criou nenhum sentimento, nenhuma ideologia, mas serviu como câmara de eco e agente de ligação dessa revolta surda. É mais fácil externar opiniões e encontrar quem as compartilhe. As coisas crescem mais rápido, assim.

Uns seis meses depois, esse "movimento" anti-Bush não pára de crescer. E a não ser que nos próximos 6 meses Bush multiplique empregos como Jesus multiplicou pães e peixes, é bem provável que ele perca as eleições.

A cada dia, as eleições em Roma ficam mais interessantes.

segunda-feira, março 01, 2004

Aqueles pequenos objetos sexuais

De vez em quando vejo reclamações sobre alguém que retrata mulheres como objetos sexuais.

É engraçado. Porque mulheres são objetos sexuais. Pelo menos em alguns momentos.

E ai daquele que não achar isso na hora que elas querem.

Comentários sobre o Oscar

Não vi a cerimônia do Oscar, mas a primeira coisa que fiz ao acordar na segunda foi catar os resultados. Interessantes.

O mais interessante em tudo isso é a vitória de Sean Penn. Se já esqueceram, não custa lembrar que ele teve uma atuação importante no movimento pacifista do ano passado, se manifestando contra a guerra quando todo o país dele parecia ser a favor, e abriu a boca para reclamar que estava sendo boicotado por suas posições.

Como as eleições no Oscar são sempre políticas, o Oscar pode significar que o grosso dessa elite cinematográfica está de saco cheio de Bush. São formadores de opinião importantes, e sempre refletem um movimento que deixou de ser subterrâneo.

Ou seja, cada vez mais acredito que Bush vai perder o emprego.

Googling

Eu não gosto do Yahoo. Nunca gostei. Meu site de buscas preferido, desde o início, foi o Altavista, ainda no tempo em que se digitava altavista.digital.com. Dele passei direto para o Google.

Se você procura por "Rafael Galvão" no Google, a primeira página a aparecer é a do autor destas mal-traçadas. Por isso gosto do Google, mesmo que ele ache que este blog é o lar de toda e qualquer parafilia imaginável. Provavelmente ele me acha mais pervertido do que o que eu realmente sou.

No Yahoo e no Altavista eu nem sequer apareço, só como links nos weblogs generosos e condescendentes o suficiente para me citar.

É perseguição. Ou incompetência: não deve ser coincidência que todos eles estão tentando ficar parecidos com o Google. Como não guardo rancores, sugiro que, como primeira medida, reconheçam a importância inútil deste seu criado.