Olhai os lírios do campo
Sei lá por quê, mas lembrei de um colega de faculdade.
Era novembro de 1994. Tinha acabado de terminar uma campanha e voltado à universidade. Foi lá que encontrei um amigo, um grande câmera. Tiramos o fim da manhã e a tarde para beber e conversar. E então ele me chamou para ir ao restaurante de uma amiga.
Funcionava num lugar simples -- aquele "simples" que a gente usa como eufemismo para pobre em dinheiro e pobre em horizontes --, restaurante e residência ao mesmo tempo.
Fiquei sabendo a história de sua vida. Abandonada pelo marido, teve que fazer das tripas coração para sustentar os filhos. Era uma história de luta e de esforço. O tipo de luta que mesmo o cínico mais empedernido tem que respeitar.
Quando ela ficou sabendo que eu fazia direito na Federal, ficou empolgada e orgulhosa. Seu filho mais velho também estudava direito lá. Era meu colega. Fiquei imaginando o seu esforço em dar a melhor educação possível ao filho.
Quando o encontrei de novo, comentei que tinha ido à casa dele e conhecido sua mãe.
E então ele ficou vermelho, se pôs na defensiva, se apressou em encerrar a conversa.
Sua mãe era uma heroína, e ele tinha vergonha dela e de sua pobreza.
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