Rafael Galvão

Um pouco de nada, e nada de muito importante.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Olhai os lírios do campo

Sei lá por quê, mas lembrei de um colega de faculdade.

Era novembro de 1994. Tinha acabado de terminar uma campanha e voltado à universidade. Foi lá que encontrei um amigo, um grande câmera. Tiramos o fim da manhã e a tarde para beber e conversar. E então ele me chamou para ir ao restaurante de uma amiga.

Funcionava num lugar simples -- aquele "simples" que a gente usa como eufemismo para pobre em dinheiro e pobre em horizontes --, restaurante e residência ao mesmo tempo.

Fiquei sabendo a história de sua vida. Abandonada pelo marido, teve que fazer das tripas coração para sustentar os filhos. Era uma história de luta e de esforço. O tipo de luta que mesmo o cínico mais empedernido tem que respeitar.

Quando ela ficou sabendo que eu fazia direito na Federal, ficou empolgada e orgulhosa. Seu filho mais velho também estudava direito lá. Era meu colega. Fiquei imaginando o seu esforço em dar a melhor educação possível ao filho.

Quando o encontrei de novo, comentei que tinha ido à casa dele e conhecido sua mãe.

E então ele ficou vermelho, se pôs na defensiva, se apressou em encerrar a conversa.

Sua mãe era uma heroína, e ele tinha vergonha dela e de sua pobreza.

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