Rafael Galvão

Um pouco de nada, e nada de muito importante.

domingo, fevereiro 01, 2004

O Último Samurai

E lá fui eu assistir a "O Último Samurai".

A verdade é que acho Tom Cruise uma simpatia. A câmera gosta do rapaz; eu também. Além disso, o filme prometia diversão descompromissada para a tarde de sábado.

"O Último Samurai" é a história de um capitão do exército americano que julga ter perdido a honra e a razão de viver nas guerras índias. Ele vai para um Japão dividido entre a tradição e a ocidentalização da era Meiji, como uma mistura de mercenário e agente do governo americano. Ao entrar em contato com a samurai way of life tem sua vida transformada. Blá blá blá. A moral do filme é que a teimosia americana, quando aliada à disciplina japonesa, é imbatível.

Logo nos primeiros minutos vem a impressão que vai durar até o final do filme: aquele é uma espécie de "Xógum" no tatibitati de Hollywood.

"Xógum" é um best seller de James Clavell, livro pelo qual sou fascinado. Tudo o que sei sobre o Japão -- e é muito pouco -- vem dele. Eu costumo chamar "Xógum" de "'O Príncipe' com molho de soja", e é uma aula de estratégia política. É bastante interessante, também, ao descrever o conflito entre duas culturas praticamente antagônicas. Mas, por mais que "O Último Samurai" beba dessa fonte, a verdade é que Nathan Algren está muito longe de John Blackthorne -- e por favor, nem em seu sonho mais delirante Katsumoto mereceria ser assistido em seu haraquiri por Toranaga.

Há situações tão implausíveis que beiram o ridículo, como o filho do sujeito que Tom Cruise mata o adotando como pai postiço. Por muito menos Bruce Wayne virou o Batman.

É impressionante como Hollywood consegue reduzir toda cultura que não conhece direito a um arremedo de seus westerns. "O Último Samurai" se resume apenas a uma xerox mal tirada de "Xógum". Bem fotografada, mas ainda assim uma xerox.

Para quem esperava "diversão descompromissada" é reclamação demais, eu sei. Mas "O Último Samurai" quebrou sua promessa. É esse o seu problema.

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